Discurso de Paraninfo
Matemática - UNIDERP - 2006

Professor Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato aqui representando o Magnífico reitor da Uniderp, Prof. Pedro Chaves dos Santos Filho, em nome de quem eu saúdo todos os ilustres membros da mesa. Senhoras e Senhores, caros amigos da Turma Celso Corrêa de Souza,

Como aconselhar uma turma de matemáticos? Como recomendar isso ou aquilo, se beberam na fonte de grandes mestres como Euler, Pascal, Arquimedes, Leibniz, Fermat, Gauss e outros tantos?

Para não ser pretensioso vou dar apenas um conselho. Mas antes gostaria de justificá-lo.
Posso falar da minha paixão pela matemática e como ela modificou a minha vida. Para vocês, caros afilhados, posso falar da professorinha do meu segundo ano de escola que, sem dúvida, foi decisiva na minha formação. Ela me incentivou como jamais alguém me incentivou. Ela me fez acreditar que eu tinha "jeito" para a matemática. De um jeito doce e inesquecível eu acabei me vendo estudando com muita atenção. Eu me saia bem na disciplina somente para agradá-la. De repente eu estava acreditando que era verdade: eu gostava de matemática. Sabem porquê? Por que eu estava gostando e entendendo. Entendendo e gostando.

"Se você não obedecer ao papai, vou colocá-lo para estudar matemática". Será que esta criança vai gostar de matemática?

Vejo, senhores matemáticos, que um dos maiores problemas que enfrentarão será o preconceito de que matemática é para os matemáticos. Que é uma ciência complicadíssima, hostil e ingrata: só serve para te derrubar em concursos. Que os senhores são tão orgulhosos que detém a chave dos segredos matemáticos e somente fornece a cópia para outros matemáticos. Que os senhores são detentores de um conhecimento e que não quer reparti-los com mais ninguém.

Alguém já ouviu isso? Sim, boa parte dessa fala retirei de uma entrevista do Programa do Jô, dito pelo próprio Jô Soares. Em várias ocasiões ele deixou clara a sua opinião sobre a matemática: que não gosta, ou não entende. Esse caso se torna mais grave pois ele é um formador de opiniões.

Tudo seria mais simples se alguém tivesse comunicado a esse entrevistador de renome internacional que a matemática está sendo usada quando ele atravessa uma rua. Se não calcular direitinho, o carro o atropela. Quando ele ouve o seu jazz, ouve matemática. O que são as partituras senão registros de cálculos temporais? Quando ele faz dieta para emagrecer não está utilizando a matemática para di-mi-nu-ir o peso? Quando ele se gaba das várias línguas que fala ele não está contando num sistema de numeração? Quando ele faz uma pergunta pertinente e coerente não está utilizando a lógica matemática com suas premissas e silogismos?

Gosto do Jô Soares. Gostaria mais se não o visse sofrendo por não saber que tudo pode ser mais bem entendido pela matemática, a base de todas as ciências.

O meu único conselho é: façam com que mais gente goste de matemática e, assim, farão um mundo mais feliz.

Finalizando, sinto-me honrado e feliz em ter sido escolhido o paraninfo da turma. Desejo o máximo de sucesso a vocês.

Senhores, muito obrigado.

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